Silêncio

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É preciso saber ouvir o grande silêncio, tornar-se o nobre silêncio, onde todos os sons e todas as formas se manifestam silenciosamente. A mente silenciosa é capaz de ouvir, ouvir para entender. Ver os lamentos do mundo, atender as necessidades verdadeiras. Apenas no silêncio do eu se manifesta o não eu, a mente infinita de compaixão e ternura, sabedoria e compaixão inseparáveis. O que é adequado a cada circunstância? Silencie e ouça seu coração. Coração é o seu íntimo mais íntimo. Difícil de acessar e ao mesmo tempo sempre presente. Sem passado e sem futuro, sem surgir e sem desaparecer. Sendo. Ser é interser, completamente interligado a tudo e a todos. Somos a vida da terra, inseparavelmente misturados com todos os elementos básicos: água, terra, fogo, vento e ar. Cinco agregados: corpo físico, sensações, percepções, conexões neurais e consciências. A cada órgão dos sentidos corresponde uma consciência. Existe a consciência da consciência e a consciência armazenadora – onde tudo está. Silencie e perceba. Você é a vida da terra, você é toda a ancestralidade, você é todo o passado e o futuro manifestos no presente. Aprecie sua vida, aprecie silenciar, aprecie o som do silêncio. Além das dualidades a mente pensa, a mente não pensa e vai além do pensar e não pensar. Silêncio não se opõe ao som, ao ruído: pausas, vírgulas, pontos, ponto e vírgula, parágrafo, outro capítulo, página em branco e tudo recomeça do silêncio ao silêncio, saltitando entre notas musicais.

Mãos em prece.

Monja Coen

@monjacoen

Líder budista brasileira, discípula de Thich Nhat Hanh. Promove meditação e ensinamentos sobre paz interior, destacando a importância do silêncio para cultivar a serenidade mental.

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